Nesse artigo, eu vou investigar histórias de vida de 3 pessoas reais e vou analisar por que ultimamente está aparecendo tanta gente que se intitula como “fracassada” pela internet.
Também vou explicar o que você pode fazer para tentar mudar a sua realidade, caso esteja se sentindo “fracassado” também.
Aviso 1: Vou retratar de temas sensíveis como fome, solidão e transtornos mentais.
Aviso 2: Neste artigo eu não vou julgar nenhuma das pessoas citadas aqui e conto com você para não julgar também. Críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas não ofenda nenhum dos citados.
A história de Camila Busato:
Começando pela Camila Busato, que no aniversário de 30 anos (em início de Outubro de 2024) gravou um vídeo intitulado “tenho 30 anos e me sinto um fracasso – sem amigos, sem emprego, sem direção”, que já ultrapassa 750 mil visualizações relatando as dificuldades em sua vida.
No vídeo ela relata que percebeu uma distância muito grande do caminho linear proposto para os millenials quando eles ainda eram jovens (estudar, trabalhar, comprar casa, ter filhos, aposentar).
Ainda nova, ela se mudou do interior de SP para Curitiba para dar aula de inglês.
Durante o período como professora, trabalhava mais de 14 horas por dia, ganhava pouco e ainda fazia faculdade de letras.
Nesse momento ela teve uma depressão pesada, com distúrbio alimentar e seguiu assim até os 25 anos de idade.
Em 2020, houve a pandemia do Covid-19.
Nessa época, ela começou a fazer terapia, foi quando ela deixou Curitiba e voltou para o interior de SP para morar com os pais.
Ela cita que foi bom estar de volta, mas ela ainda estava com uma sensação ruim de ter deixado tudo para trás.
Na sua terra natal ela começou a fazer lives jogando games, já que não tinha emprego. Conseguiu engajamento e alguns amigos virtuais, mas a competição com outros streamers fez ela se sentir muito para trás de novo.
Depois de um tempo, ela voltou para Curituba e hoje ela se sente melhor.
Ela cita que sempre foi depressiva, teve ansiedade social, difícil de fazer amigos. Mas atualmente, ela tem se exercitado, tem saído sozinha para se reconectar com as pessoas.
Na conclusão do vídeo, ela menciona que sonhava em ser mãe antes dos 30, mas ela pode ser mãe daqui 5 anos.
No fim, ela deixa uma linda mensagem explicando que qualquer movimento de reação, por menor que seja, é superimportante e que sempre há chance de mudar.
A história de ThePrism:
O ThePrism postou um vídeo bastante comovente.
Ele tinha um sonho em ser atleta de Fortinite.
No vídeo intitulado “Um pedido de socorro” com 1,2 milhões de visualizações, ele explicou que estava passando fome.
Ele relata diversos problemas que teve na vida em relação à saúde da sua vó, com quem morava, e um incidente que ele teve com uma mordida de um gato infectado com esporotricose (um tipo de fungo) que demorou 9 meses para curar.
Por alguns anos, ele começou a trabalhar 2 vezes por semana dando aulas até 2022. Por um tempo, vendeu doces e lanches no iFood.
Continuou treinando as habilidades nos jogos, postando vídeos no Youtube, editando, e mantendo o trabalho freelance dando aulas.
Apesar de todo o esforço, não foi possível se sustentar com a renda das plataformas.
Acabou se afastando dos amigos porque não tinha dinheiro e nem roupa para sair.
Ele parecia estar num burnout muito sério, porque ele se emocinou muito no vídeo e disse que não descansava. Trabalhava muito, tanto nas plataformas de streaming, como fora delas, mas não conseguia renda.
Ele se acha dependente das outras pessoas, como se não tivesse crescido e ser um fardo para as outras pessoas.
Ele cita em vários momentos que ter escolhido algo que o deixava feliz está custando muito caro.
A história de Sean Tepton:
Sean Tetpon, de 55 anos se inscreveu em mais de 1.000 vagas no ano passado e não conseguiu emprego.
Ele era gerente de comunicações, desligado em 2019 e depois em 2023.
Ele chegou a ganhar 100 mil dólares ao ano, mas hoje em dia faz bicos devido à alta competição no mercado de trabalho e idade.
E isso está ocorrendo nos Estados Unidos, a famos terra das oportunidades.
Millenials: a geração de perdedores
Numa reportagem da Fortune, o repórter Eleanor Pringle explica que a geração de Baby Boomers possuem mais riqueza.
Baby Boomers nasceram entre 1.946 e 1.964, o repórter ainda cita que foi “uma situação histórica única — forte crescimento econômico, mercados de habitação acessíveis e mercados de ações em alta”.
Em comparação com os Millenials nascidos em 1984, os Baby Boomers conseguiriam acumular o dobro da riqueza acumulada na vida.
Eu acredito que isso ocorreu porque depois das grandes guerras que assolaram o mundo até 1.945, os cidadãos se para reconstruir seus países e com muito esforço e propósito em comum, criaram uma espécie de consciência de coletiva.
Apesar de não presenciarem nenhuma guerra mundial, os Millennials passaram por muitas crises, como a financeira de 2008, a pandemia de Covid de 2020 e um período de inflação “realmente dolorosa”. Isso sem contar as crises políticas constantes aqui no Brasil, que não são citadas no material porque a Fortune é veiculada no Estados Unidos.
Hoje as pessoas operam num “modo de sobrevivência”. Se você tem um emprego, vai passar por cima de qualquer coisa ou qualquer um para mantê-lo, pois as vagas são escassas e ainda há uma ameaça constante de cortes.
Se você contrata um serviço de uma empresa ou de uma pessoa, você redobra as pesquisas, porque tem muita gente dando golpes por aí para conseguir dinheiro fácil.
A competitividade nunca foi tão alta e agora competimos contra humanos e máquinas, graças aos avanços da IA (inteligência artificial).
Conclusão:
O ser humano gosta de categorizar tudo o que está em sua realidade, e as pessoas que não estão dentro do padrão de sucesso socialmente aceito são as “fracassadas” do momento.
O fracasso não é uma “opção”.
Biologicamente falando, qualquer ser dotado de algum grau saudável de consciência não deseja fracassar, muito pelo contrário.
A verdade é que cada indivíduo tem sua jornada e cada jornada tem seu contexto.
O que é contexto? Alguns exemplos:
– Condição financeira dos seus antepassados.
– Condição macroeconômica do mundo.
– Lugar onde você nasceu.
– A cultura do local onde você mora.
– Sua família.
– Seus valores.
– Seus traumas.
– Suas crenças internas.
– Seu nível de saúde física/mental.
– O seu nível de sabedoria (repertório).
– As pessoas que você conhece (rede de apoio).
– O ambiente em que está no momento.
– As vantagens e desvantagens de sua personalidade em relação ao que foi citado acima.
Tanto a Camila, quanto o ThePrism, quanto o Sean, eu, você ou qualquer um um do mundo estão sujeitos às variáveis dos contextos e essa é a graça da vida.
Ninguém tem culpa por estar numa situação ruim, mas cada um é responsável (dentro das suas limitações) por escolher entre manter-se da mesma maneira ou se conformar.
Como mudar sua realidade?
Isso está ficando raro, mas aqui no Brasil ainda existe algum grau de livre arbítrio, que te permite escolher se conformar ou agir para mudar o contexto.
Não existe fórmula mágica, mas seguem umas dicas do que você pode fazer se quiser mudar.
Adapte a lista para a sua realidade:
1- Não internalize rótulos:
Se alguém te chama de fracassado, entenda que você simplesmente não corresponde a um padrão ou expectativa social de um grupo específico.
2- Cuide da saúde mental:
O passo 1 já evita que sua saúde mental se deteriore, mas não tenha vergonha de procurar um psicólogo se for necessário.
Se não tiver condições de pagar a consulta, procure por Universidades que tenha programas de atendimento gratuito.
Conte sempre com sua rede de apoio (família e amigos próximos que você conta nos dedos).
3- Cuide do corpo:
Eu, por exemplo, faço musculação e me sinto muito bem fisicamente e mentalmente quando vou toda semana, mas ocorre uma queda repentina no ânimo se eu faltar por mais de 4 dias.
Você pode correr na rua ou num estacionamento, passear com seu cachorro com passadas rápidas, andar de bicicleta, praticar calistenia.
Só não vale passar a semana toda sentado!
4- Estabeleça uma rotina:
O cérebro humano se adapta melhor a rotinas controladas.
Se você bagunçar seus horários, o seu ciclo circadiano, (responsável pela regulação do seu metabolismo) pode acabar se perdendo e isso pode drenar seu ânimo e humor.
Para se manter saudável e disposto, mantenha um horário aproximado para acordar, realizar suas atividades e se puder, durma sempre no mesmo horário.
Minha rotina, por exemplo, é assim:
2ª a 6ª:
2ª a 6ª:
07:00 Acordar
07:30 Café
08:00 Musculação
09:30 Trabalho
13:00 Almoço
14:00 Trabalho
18:00 Lanche
18:30 Estudo/Leitura
22:30 Plano do dia seguinte
23:00 Dormir
Sábado e domingo:
09:00 Acordar
09:30 Café
10:00 Musculação
12:30 Almoço
14:00 Visita à família/Hobbies/Leitura
23:00 Dormir
Você pode adaptar conforme seu contexto.
5- Estude ou leia:
Se você está precisando de uma habilidade nova, comece a estudar e colocar o conhecimento em prática!
Pode também usar o tempo para estudar para um concurso público se for seu perfil.
Eu por exemplo tenho muitas habilidades técnicas, mas estou estudando comunicação de maneira informal (gratuitamente) e faço pós-graduação em neurociências e psicologia aplicada (pagando) porque notei que isso poderia complementar meus “softskills”.
Se você preferir ler, vou recomendar 2 que vou deixar o link abaixo para você obtê-los pela Amazon:
“The Unfair Advantage: How You Already Have What It Takes to Succeed“
Esse, infelizmente eu só encontrei em inglês e no formato Kindle.
Os autores explicam que a “vantagem injusta” pode vir de diversos fatores do contexto.
Ao contrário de uma visão meritocrática pura, o livro argumenta que um bom autoconhecimento e a aplicação certa destas vantagens são essenciais para alcançar o sucesso.
O livro se aprofunda em cinco áreas chave para identificar suas vantagens:
Dinheiro (Money): Acesso a recursos financeiros.
Inteligência (Intelligence and Insight): Conhecimento e visão.
Localização e Sorte (Location and Luck): Onde você está e as oportunidades externas que surgem.
Educação e Especialização (Education and Expertise): Habilidades, treinamento e qualificações.
Status (Status): Rede de contatos, influência e credibilidade.
Ele também conta histórias pessoais e faz umas reflexões práticas.
“Mostre seu trabalho!: 10 maneiras de compartilhar sua criatividade e ser descoberto“
Esse livro do Austin Kleon é um guia prático sobre como compartilhar suas ideias e processos criativos para que você possa despertar o interesse das outras pessoas em seu trabalho.
O autor usa 10 princípios são ajudam a construir uma presença autêntica e visível no mundo criativo.
Eu li esse livro em 2018, vejo muita gente de sucesso usando esses princípios.
Esse livro me inspirou a começar um blog que evoluiu rapidamente para um canal do Youtube.
6- Procure renda, mesmo que temporária:
Se está desempregado, tente oferecer trabalho em sua vizinhança ou use a internet para divulgar sua disponibilidade. Pode ser pelo Facebook, Instagram, ou sites de freelancers como o GetNinjas ou Workana.
Eu cuidei de cachorros por 3 meses e aprendi muita coisa sobre adestramento. Num período bom, consegui 600 reais livres para cuidar de 4 cachorros por 7 dias.
Depois eu usei o dinheiro para fazer um curso sobre comportamento canino.
Agora já sei o que fazer se um dia passar necessidade.
7- Faça trabalhos voluntários para um a ONG ou grupo de apoio:
Atos de generosidade ativam o sistema límbico, que é a parte essencial para comportamentos de sobrevivência.
A ativação libera neurotransmissores como dopamina, serotonina, ocitocina e endorfinas.
Todos esses neurotransmissores combinados causam uma sensação de bem-estar, felicidade e realização no voluntário.
Além disso, claro, você ajuda pessoas necessitadas.
Só algumas horas por semana já bastam.
Acredito que esse mecanismo biológico seria o nosso motivador natural, que provavelmente foi o trampolim para nos agruparmos e desenvolver sociedades complexas, e isso há milhares de anos antes da invenção do dinheiro.
8- Converse com pessoas:
Se você é mais extrovertido, procure participar de eventos e interagir com grupos em feiras ou exposições de sua área.
Se você é como eu (mais introvertido), participe de grupos de interesse, comunidades ou treinamentos virtuais, dê aulas ou lidere grupos de um assunto específico pela sua vizinhança.
Retome contatos que você tem, mas que não conversa faz tempo.
Eu por exemplo conversei com 2 ex-colegas de trabalho nessa semana que hoje são amigos mesmo. Um deles tá sempre me oferecendo vagas, eu que recuso por que não são meu perfil.
A partir de uma conversa natural você pode ser indicado para uma oportunidade de emprego ou de trabalho.
9- Não dê margem para vícios:
Um cérebro ocioso fica muito vulnerável à tentação de se viciar em alguma coisa.
Muita gente está viciada em apostas ou cassinos online atualmente no Brasil, o que é muito triste, já que isso destrói famílias e pode levar pessoas ao suicídio de uma forma muito rápida.
Se há algum comportamento disfuncional que você está repetindo de maneira inconsciente só para matar o tempo ao invés de fazer as coisas que você precisa fazer, tome cuidado!
Separe imediatamente um tempo para você se dedicar a esse comportamento, entre 1 a 2 horas do seu dia e faça isso só naquele período específico. Pode ser celular, rede social, vídeo game, o que for.
Não consuma substâncias aditivas (álcool, tabaco, drogas ou remédios sem receitas médica). Isso pode destruir o sistema de recompensa do seu cérebro fazendo você largar tudo apenas para ter os “10 minutos de brisa”.
Não vale a pena! Você vai virar uma marionete química!
10- Mude de rota se precisar:
A vida não é linear, como disse Camila Busato.
Às vezes precisamos aceitar que alguns esforços simplesmente não geram resultados. Em especial, resultados financeiros.
Isso é uma tendência que se tornará cada vez mais comum graças a robôs e automatização do trabalho com IA (inteligência artificial), só que as máquinas vão demorar mais algumas décadas para substituir totalmente um humano em todas as áreas.
Até lá, é importante persistir alguns meses em qualquer coisa que você queira começar, para só então saber se a iniciativa irá gerar frutos.
Saiba que é importante saber desistir se o resultado for nulo ou se acabar te prejudicando. E se isso acontecer, descanse, se recomponha e recomece numa outra rota.
A dopamina é o neurotransmissor que vai te ajudar a buscar por algo que funcionará para você.
Não faça jejum de dopamina, use-a a seu favor!
Eu fiz um artigo só dedicado a este tema, depois dá uma olhada lá!
Manda esse artigo pra alguém que está passando por um momento complicado,
Se cuida hein!